O crescimento do novo autoritarismo e o enfraquecimento da Democracia: Quais as consequências para o mundo?
Jamildo Melo / JC
Brasil, Estados Unidos, Peru, Ucrânia. São muitos os países que, em pleno século XXI, precisaram dar um passo atrás para lutar pela liberdade e pela democracia, diante do surgimento de forças que querem o oposto: a concentração do poder a quase qualquer custo.
Em seu novo livro, A Vingança do Poder (Editora Cultrix), Moisés Naím, escritor venezuelano, acadêmico e colunista internacional de grandes jornais e Ph.D em economia, faz uma análise das tendências, condições, tecnologias e comportamentos que estão contribuindo para este movimento e que ameaçam as instituições democráticas, citando exemplos de estratégias de líderes autoritários, inclusive de Jair Bolsonaro, no Brasil.
Naím se concentra nos três P’s: populismo, polarização e pós-verdade. Os três não são exatamente uma novidade, porém, quando combinados pelos autocratas de hoje, minam a vida democrática de um modo novo e assustador. Segundo ele, o poder não se transformou, no entanto, a maneira como as pessoas o enxergam e o exercem é que se deturpou de forma perversa e ambígua.
Segundo a editora, A Vingança do Poder conecta os pontos entre eventos globais e táticas políticas que, quando olhados em conjunto, mostram uma transformação profunda no poder e na política contemporânea.
“Cada época tem visto uma ou mais formas de malignidade política. O que estamos vendo hoje é uma variante revanchista que imita a democracia enquanto, indiferente a qualquer limite, continua a miná-la. É como se o poder político tivesse feito um balanço de todos os métodos que as sociedades livres inventaram ao longo dos séculos para domesticá-lo e tivesse decidido contra-atacar. É por esse motivo que penso nisso como a vingança do poder”, diz o autor.
O livro esmiúça a origem e o desenvolvimento dessa nova forma maligna de poder político ao redor do mundo, e mostra como ela corrói os fundamentos de uma sociedade livre - tanto em governos de direta quanto de esquerda.
O autor analisa também como esta força autoritária se apoia em um núcleo compacto de estratégias para enfraquecer os alicerces da democracia e cimentar seu domínio, nas mais diversas regiões, além de dar exemplos de lutas para proteger a democracia e, em muitos casos, para salvá-la.
O autor disseca as abordagens de diversos autocratas como Donald Trump (EUA), Hugo Chávez (Venezuela), Viktor Orbán (Hungria), Rodrigo Duterte (Filipinas), Narendra Modi (Índia) Jair Bolsonaro (Brasil), Recep Tayyip Erdoan (Turquia) e Nayib Bukele (El Salvador), entre muitos outros.
Naím detalha como as mesmas estratégias para consolidar o poder de forma autoritária brotam repetidas vezes em circunstâncias políticas, econômicas e sociais muito diferentes de tempos anteriores.
Para os especialistas, trata-se de um livro importante para entender o futuro da democracia que, entre outras questões procura responder: Podem as democracias sobreviver aos ataques de aspirantes a autocratas dispostos a destruir os pesos e contrapesos que limitam seu poder? Como? Por que razão o poder está se concentrando em certos lugares enquanto em outros está se fragmentando e deteriorando? E a grande pergunta: qual é o futuro da liberdade?
Quem é Moisés Naím ?
Moisés Naím é um acadêmico do Carnegie Endowment for International Peace e colunista internacionalmente prestigiado, com seu trabalho publicado em jornais como The New York Times, The Washinton Post, Newsweek, Le Monde e O Estado de São Paulo. Foi editor-chefe da Foreign Policy, ministro do Comércio da Venezuela